O Colégio Americano de Gastroenterologia (ACG) tem monitorado as condições de saúde que rapidamente se alteram com o COVID-19 e apresentou importantes sugestões de conduta aos gastroenterologistas a partir de uma ferramenta online. Basicamente, as recomendações seguem as apresentadas pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Órgão de Controle e Prevenção de Doenças do Estados Unidos, e que serão atualizadas de acordo com novas informações disponíveis.
1) Gastroenterologistas e demais membros da equipe ligados aos exames de endoscopia devem permanecer vigilantes e revisar o uso dos dispositivos de proteção pessoal durante os procedimentos endoscópicos, com atenção particular para máscaras faciais que protegem contra a transmissão por gotículas, especialmente durante a endoscopia digestiva alta.
2) Atenção a como remover apropriadamente tais dispositivos (luvas, gorros e máscaras).
3) Antecedendo os procedimentos, implementar um protocolo de rastreamento com perguntas sobre viagens, sintomas respiratórios bem como sobre a chegada ao consultório e local de exames.
4) Usar máscara cirúrgica quando em contato com pessoas com tosse.
(Obs.- A OMS hoje recomenda o uso de máscara sob qualquer circunstância).
5) Pacientes com doença inflamatória intestinal, hepatite autoimune, transplante hepático ou outras condições que requerem a utilização de imunosupressores /imunobiológicos não devem interromper seu tratamento uma vez que o risco de progressão da doença ou complicações superam os riscos de contrair COVID-19.
(Obs.- Pacientes com doença inflamatória intestinal que desenvolvem a infecção por COVID-19 devem suspender o tratamento com imunossupressores e imunobiológicos).
Fatos conhecidos atuais sobre COVID-19
– A maioria das infecções (cerca 80%) parecem ser leves. Quando presentes, os sintomas incluem: febre (83-93%); tosse (46-82%); mialgia, fadiga (11-44%); dispnéia (31%).
– A transmissão ocorre via gotículas respiratórias e secreções (pessoa a pessoa).
– Tempo médio entre o aparecimento do primeiro sintoma e o desenvolvimento de dispnéia (falta de ar): 5 a 8 dias.
– Índice de mortalidade para pacientes hospitalizados: 1,4%-15%.
– Período de incubação: ao redor de 5 dias, podendo variar de 2 a 14 dias.
– Manifestações gastrintestinais, hepáticas e sanguíneas:
o Diarréia (2-33%) podendo ser fonte de transmissão viral
o Leucopenia (9-25%)
o Leucocitose (25-30%)
o Elevação de ALT/AST (até 37%)
o Elevação de bilirrubina (10%). A elevação dos testes hepáticos parece estar associada com os casos mais graves de infecção.
Referências
Pochapin MB et al. Recommendations re: COVID-19 for gastroenterologists. https://mailchi.mp/gi/acgrecommendations-re-covid-19-for-gastroenterologists?e=dbeba47cbc.
Zhang C et al. Liver injury in COVID-19: managemant and challenges. https://www.thelancet.com/pdfs/journals/langas/PIIS2468-1253(20)30057-1.pdf
Joaquim Prado P Moraes-Filho
Professor Livre Docente de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)
Diretor de Comunicação da FBG