COVID-19: quatro-quintos dos casos são assintomáticos

Novas evidências provenientes da China indicam que a maioria das infecções por coronavírus não resultam em sintomas (130 pacientes assintomáticos dentre 166 novas infecções – 78%).  As autoridades chinesas (China National Health Comission) publicaram dados sobre casos novos de coronavírus que são assintomáticos, com dados dos primeiros dias sugerindo que cerca de quatro em cada cinco casos de infecção não apresentam sintomas.  Muitos especialistas acreditam que os casos despercebidos e assintomáticos de infectados podem constituir uma fonte importante de contágio. Embora a amostra de pacientes não seja particularmente extensa em termos de número, tais achados são muito importantes e sugerem a necessidade imediata de confirmação por meio de novos estudos com metodologia apropriada. (Day M. THEBMJ 2020;369:m1375 doi:10.1136/bmj.m1375-published 2 April 2020. Downloaded from http;//www.bmj.com/April 10, 2020).

– Sintomas do trato gastrintestinal na doença por coronavírus 2019:  análise dos sintomas clínicos em pacientes adultos

Total de 212 adultos com COVID-19 foram incluídos em um hospital-móvel em Wuhan, na China, com diagnóstico definitivo de SARS-CoV-2 por teste de ácido nucléico, para investigar a apresentação clínica, particularmente a incidência de sintomas digestivos nessa enfermidade. Febre e tosse foram as primeiras manifestações clínicas mais comuns. Diarreia ocorreu em 43,8% (93/212) dos quais 86,0% (80/93) tinham fezes pastosas.  Náuseas e vômitos foram também queixas comuns (20,7%).  Análise de regressão de múltipla logística demonstrou que a diarreia se correlacionou significativamente com fadiga. Os autores concluem que os sintomas digestivos são comuns na COVID-19 e muitas vezes ocorrem no estágio médio da enfermidade e duram um período relativamente curto de tempo.  Embora a apresentação clínica mais comum seja febre e tosse, os clínicos devem prestar atenção às manifestações digestivas do COVID-19, porque podem afetar a absorção de nutrientes e a fadiga associada sugere que a diarreia afeta negativamente a qualidade de vida. (Zhang Y et al. medRxiv preprint doi: https://doi.org/10.1101/2020.03.23.20040279 / April 10, 2020).

– Ensaio clínico de Liponavir-Ritonavir em adultos hospitalizados com COVID-19 grave

Nenhuma terapêutica tem se mostrado efetiva para o tratamento dos casos graves de infecção SARS-CoV-2 a qual causa a enfermidade respiratória do  Covid-19 com insuficiente saturação de oxigênio. Tendo em vista essa dificuldade, o presente ensaio estudou um total de 199 pacientes: 99 no grupo liponavir-ritonavir (400 mg e 100 mg respectivamente) por 14 dias e 100 no grupo controle com as medidas terapêuticas convencionais. Em conclusão, não foram observados benefícios  com o emprego da associação liponavir-ritonavir em relação à abordagem terapêutica convencional.  Ensaios futuros com pacientes graves podem ajudar a confirmar ou excluir a possibilidade de benefício de tratamento para esses pacientes. (Cao B et al. NEJM, 2020. DOI: 10.1056/NEJMoa2001282).

Joaquim Prado P Moraes-Filho

Diretor de Comunicação da FBG e Professor Livre-Docente de Gastroenterologia da Universidade de São Paulo (USP)