Diante da crescente onda de problemas envolvendo a pandemia do COVID-19, convidamos gastroenterologistas associados e não-associados da FBG para atualização periódica neste local.
A saúde individual da maioria das pessoas pode não estar ameaçada pela pandemia, mas estamos diante de uma das maiores ameaças já vivenciadas pelos sistemas de saúde do mundo e, certamente, do Brasil. Nossas equipes da saúde constituem o ativo mais importante e mais mais sensível para o enfrentamento da pandemia. É, portanto, importante a participação consciente de cada especialidade médica, no nosso caso a gastroenterologia.
Aspectos clínicos conhecidos:
1. Tosse, febre, fadiga, dor de garganta são os sintomas mais comuns em adultos.
2. A incidência de manifestações gastroenterológicas incluindo náusea e/ou diarréia são incertas com relatos que variam de 5 a 50%. Também há relatos de diarréia isolada precedendo a tosse e febre.
3. O COVID-19 pode estar presente em secreções gastrintestinais de pacientes infectados e o RNA viral é detectável nas fezes. Deve ser considerada a possibilidade de infecção gastrointestinal, bem como o potencial de transmissão fecal-oral.
4. A disseminação assintomática pode ocorrer durante a fase prodrômica (período médio de incubação: cerca de 5 dias, com variação de 0-14 dias) com maior liberação fecal quando os sintomas se iniciam.
5. Enzimas hepáticas alteradas são observadas em 20-30% dos indivíduos com infecção viral por COVID-19.
6. A contagem leucocitária se reduz nos infetados. Leucocitose constitui sinal prognóstico menos favorável assim como baixas contagens de CD4.
7. A população de idosos e os com enfermidades crônicas (cardiopatias, doenças pulmonares, diabetes, cirrose descompensada, imunossupressão, incluindo transplantados de fígado e outros órgãos, HIV, entre outras) constituem as populações mais vulneráveis e de maior risco para a enfermidade mais grave. Mulheres grávidas também requerem atenção especial.
Condutas de melhor proteção contra transmissão viral
São conhecidas e têm sido divulgadas:
– Lavar cuidadosamente as mãos (20-30 seg) e usar álcool gel (concentração mínima 70%).
– Evitar tocar na face, em particular olhos, nariz e boca.
– Conduta comportamental (lateralização, lenço de papel) diante de tosse, espirro.
– Manutenção de distância social (1-2 m).
– Evitar aglomerações. Idosos não sair de casa.
Referências
1. Gu J et al. COVID-19: gastrointestinal manifestations and potencial fecal-oral transmission. Gastroenterology 2020 (Epub ahead of print https://doi.org/10.1053/j.gastro.20202.02.054). 2. Joint GI message: COVID-19 clinical insights for our community of gastroenterologists and gastroenterology care providers. 15/03/2020 https://www.gastro.org/practice-guidance/practice-updates/covid-19.
3. Conselho Federal de Medicina. O CFM e a prevenção ao COVID-19 no Brasil.
portal.cfm.org.br › id=28611:2020-02-28-12-47-19.
Joaquim Prado P Moraes-Filho
Diretor de Comunicação da FBG