Estresse pode causar problemas gastrointestinais

Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) explica que os problemas mais comuns são diarreia, constipação, refluxo gastroesofágico e Síndrome do Intestino Irritável

Os problemas gastrointestinais podem ser causados por vários motivos, como as intolerâncias alimentares, consumo de alimento contaminados. O que muitos não sabem é que os problemas também podem ter origem emocional, principalmente o estresse e a ansiedade.

De acordo com a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), existe uma ligação entre o cérebro e o sistema gastrointestinal. Quando o intestino ou o estômago estão desregulados, enviam sinais para o cérebro. Do mesmo modo, o cérebro pode enviar sinais para eles. Tem até um ditado popular que diz que o intestino é nosso segundo cérebro. Dessa forma, é comum que situações de estresse e ansiedade podem desencadear doenças gastrointestinais. “O nível de estresse emocional elevado pode ocasionar alguns problemas de saúde, uma vez que pode contribuir para o comprometimento da defesa imunológica do indivíduo”, explica o médico Gerson Domingues, da FBG.

Por isso, diz o médico, muitas pessoas com altos níveis de estresse apresentam sinais como diarreia, constipação, distensão e dor abdominal e síndrome do intestino irritável (SII). Entretanto, o contrário, em alguns casos, também pode ocorrer. A SII, que é uma doença crônica, pode levar à ansiedade, depressão e estresse. 

Gastrite e úlcera

Gastrite, explica dr. Gerson Domingues, é inflamação no revestimento do estômago. Somente o estresse e a ansiedade não provocam a gastrite. “O que ocorre é que o estresse e a ansiedade, principalmente em excesso, ocasionam uma descarga de hormônios na corrente sanguínea, como adrenalina, noradrenalina e cortisol, que podem ter efeito rápido no trato digestivo.” 

O efeito desses hormônios no trato gastrointestinal pode causar sintomas semelhantes aos da gastrite, sem que haja inflamação no estômago. Os sintomas são má digestão, dor ou desconforto na região do estômago, náuseas, por vezes vômitos e perda de apetite. “Se esses sintomas ocorrem sempre, é fundamental buscar um especialista para investigar as causas, ter um diagnóstico correto e realizar o tratamento mais adequado.”

Embora as pessoas acreditem que o estresse pode causar úlceras no estômago, a relação entre os dois não é direta, conforme mostrou recentemente reportagem publicada no The New York Times. De acordo com a médica Tonya Adams, do Gastro Health, da Virgínia (EUA), alguns pacientes gravemente enfermos, como os internados em unidades de terapia intensiva, podem desenvolver úlceras de estresse, que são feridas no revestimento do trato gastrointestinal após uma exaustão física extrema. Mas ela reforça que “não há dados” que confirmem que o estresse psicológico diário pode causar úlceras diretamente.

Neha Mathur, do Houston Methodist Gastroenterology Associates, diz, na mesma reportagem, que o estresse pode ser um fator decisivo para o desenvolvimento de úlceras em pessoas que já têm alto risco de desenvolver a doença por outros motivos, como uso excessivo de alguns medicamentos ou infecção por alguma bactéria.

Estudos sugerindo uma conexão entre estresse e úlcera e outros negando essa relação torna tudo mais obscuro. Um estudo de 2015, por exemplo, com cerca de 3.400 adultos realizado por pesquisadores da Dinamarca, descobriu que aqueles que relataram os níveis mais altos de estresse, em comparação com os mais baixos, tinham 2,2 vezes mais chances de desenvolver úlceras nos 11 ou 12 anos seguintes. Eles perceberam, entretanto, que cerca de um terço desse risco excessivo não se deve aos efeitos diretos do estresse, mas à forma como as pessoas reagem – através do tabagismo ou do consumo de álcool.

Já na Coreia do Sul, pesquisadores analisaram os resultados da endoscopia feita em quase 24 mil adultos e descobriram que o estresse estava associado a um risco aumentado para várias condições gastrointestinais, mas não para úlceras. O estresse, de acordo com a gastroenterologista Carolyn Newberry, do Newyork-Presbyterian Lower Manhattan Hospital, pode contribuir para o desenvolvimento de úlceras, mas uma pessoa estressada não pode desenvolver o ferimento estomacal sem ter outros fatores de risco.

Prevenção

Neste mês de setembro, quando se celebra, em 23/09, o Dia de Combate ao Estresse, a FBG recomenda que as pessoas evitem hábitos ruins, como o sedentarismo, poucas horas de sono e má alimentação para evitar problemas no sistema digestivo.

Dr. Gerson Domingues também explica que manter uma rotina é essencial. “O sistema digestivo funciona bem melhor quando segue uma rotina regular, incluindo horários certos para as refeições e sono”, diz.

Para quem vive sob constante estresse e ansiedade, oacompanhamento multidisciplinar é indispensável. Além do gastroenterologista, uma dieta adequada preparara por nutricionista e atendimento psicológico podem ajudar o paciente a superar o estresse e seus efeitos no sistema digestivo.

DESTAQUE:  uma rotina é essencial. “O sistema digestivo funciona bem melhor quando segue uma rotina regular, incluindo horários certos para as refeições e sono”, diz.

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